sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Petrobras sob holofotes

O mês de Agosto terminou, e parece que não vai deixar saudades a gigante tupiniquim dos hidrocarbonetos, pois logo após anunciar em seu balanço um lucro recorde de cerca de R$ 16,021 bilhões apurado durante o 1º semestre de 2010, ocorreram uma série de fatos que impactaram negativamente a organização, e que de certo modo, arranharam a sua credibilidade perante ao mercado internacional, especificamente, no que tange a sua capacidade de tomar decisões com agilidade e alheia a interesses estatais.


Veja abaixo em suma quais foram estes eventos:


  • Indefinição do CNPE - Conselho Nacional de Políticas Energéticas, composto pelos ministérios de Minas e Energia, e os titulares de outras pastas como Fazenda, Planejamento, Casa Civil, Meio Ambiente, Agricultura e Ciência e Tecnologia, no que tange a qual o valor do barril de petróleo a ser utilizado como parâmetro para a capitalização, em meio a morosidade as ações da Petrobras (PETR4); (PETR3) caíram perto de 4% na sessão da última segunda-feira (30).


  • Os fundos de ações denominado "Soros Fund Management" do bilionário George Soros excluem os papéis da Petrobras, que antes tomava a maior fatia individual da carteira, e redireciona investimentos no Brasil para Vale.


  • Coincidência ou não, a Vale 2ª maior mineradora do mundo se torna a empresa brasileira líder em valor de mercado, desbancando a Petrobras, e não para por aí a rivalidade entre as blue chips Verde e Amarelo, por causa de uma mina de potássio em Sergipe - NE, ocorre uma discussão acalorada entre o ministro da agricultura Reinhold Stephanes e Roger Agnelli, acerca da Vale estar impedindo o progresso do setor de fertilizantes brasileiro, ao não explorar adequadamente a mina sergipana, que por sinal  foi adquirida da Petrobras em 1992, quando a Vale ainda era estatal. Roger Agnelli em nota a imprensa informou que a empresa ampliou em 400% a capacidade instalada da mina, e que só não investiu mais por culpa da Petrobras, em especial o presidente da empresa Sérgio Gabrielle, o qual acusou de ignorá-lo, pois havia enviado uma carta ao mesmo 2 anos atrás para ampliar a concessão até 2017, a qual até a presente data não obtivera resposta,  Roger Agnelli também contestou as críticas do ministro referente a falta de interesse da Vale em agregar valor ao potássio visando a produção de um dos componentes mais empregados na produção de fertilizantes, que só pode ser obtido mediante a utilização de gás natural em larga escala,  disse: " A Petrobras se acha dona do gás", nós vamos esperar que a própria Vale tenha condições de fornecer todo o gás que precisaremos para investir neste nicho.


  • A  (CVM) Comissão de Valores Mobiliários irá avaliar a operação de cessão onerosa de 5 bilhões de barris de petróleo do pré-sal da União para a Petrobras, afirmou hoje a presidente da autarquia, Maria Helena Santana. A análise será feita como uma operação entre partes relacionadas, já que o governo é o principal acionista da companhia. "Esse será certamente um tema muito observado por nós", disse. Trocando em miúdos quer dizer que o governo fez a Petrobras pagar mais que o devido estipulado pelo lei da oferta e da procura pelo barril, aumentando o seu dispêndio financeiro, e consequentemente os custos a seus acionistas.


  • Mercado fica insatisfeito com o valor de R$ 8,51 para o preço do barril estipulado pelo CNPE na capitalização da empresa, neste processo o papel dos acionistas minoritários é uma incógnita, e por fim a Petrobras segundo especialistas caminha para se tornar uma espécie de PDVSA, a estatal Venezuelana do petróleo, pois segundo Adriano Pires diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), o preço do barril de petróleo agradou, e muito, ao governo, mas frustrou acionistas minoritários "no final das contas, o governo brasileiro conseguiu o que queria, capitalizar a Petrobras, e elevar sua participação acionária na empresa".
Estes motivos podem inviabilizar as pretensões da Petrobras de realizar uma nova oferta pública de ações, que convém ressaltar, se concretizada será a maior da história como pode se verificar a seguir, na lista das maiores ofertas de ações do mundo, incluindo ofertas iniciais (IPOs).


Ano - Emissor - País - Valor captado (em bilhões de dólares)

2010 - Petrobras - Brasil - 74,5 (planejada, valor máximo estimado)

1987 - NTT - Japão - 36,8

2010 - AgBank - China - 22,1

2008 - RBS - R. Unido - 24,4

2009 - Lloyds - R. Unido - 22,5

1988 - NTT - Japão - 22,4

2006 - ICBC - China  - 22

2008 - Visa - EUA - 19,7

2009 - HSBC - R. Unido - 19,4

2007 - Fortis - Bélgica - 19,3

2009 - Bank of America - EUA - 19,3

1998 - NTT DoCoMo - Japão - 18,1

Fonte: Thomson Reuters
(Com Agência Estado e Reuters)

Os detalhes da operação serão divulgados no dia 23 de Setembro deste ano, e tem como meta finalizar pelo menos que por hora o apetite voraz da Petrobras por recursos financeiros, e não por estar falida como alguns leigos candidatos ao governo do ES estão dizendo por aí devido a má gestão desse e ou daquele partido, não vamos misturar as coisas, trata-se apenas de uma operação normal para empresas de grande vulto que anseiam ter recursos para realizar maciços investimentos, bom é o que eu encarecidamente espero.

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